quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Quando fui chuva


Maria GaduQuando já não tinha espaço pequena fui
Onde a vida me cabia apertada
Em um canto qualquer acomodei
Minha dança os meus traços de chuva
E o que é estar em paz
Pra ser minha sem ser tua

Quando já não procurava mais
Pude enfim, nos olhos teus vestidos d'água
Me atirar tranqüila daqui
Lavar os degraus, os sonhos e as calçadas

E assim no teu corpo eu fui chuva
Jeito bom de se encontrar
E assim no teu gosto eu fui chuva
Jeito bom de se deixar viver

Nada do que eu fui me veste agora
Sou toda gota, que escorre livre pelo rosto
E só sossega quando encontra a tua boca

E mesmo que em ti me perca
Nunca mais serei aquela
Que se fez seca
Vendo a vida passar pela janela

Quando já não procurava mais
Pude enfim, nos olhos teus vestidos d'água
Me atirar tranquila daqui
Lavar os degraus, os sonhos e as calçadas

E assim no teu corpo eu fui chuva
Jeito bom de se encontrar
E assim no teu gosto eu fui chuva
Jeito bom de se deixar viver.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Asas ou flores?

Buscar significado na existência e nas conseqüências do ousar não levam a nada além do medo.
Medo de achar o trevo da sorte, ou o derramar do sangue. Qual o melhor? Não tem escolha. A própria escolha já trás em si as perdas e os ganhos. Ganha-se asas, perdem-se flores. 
Escolhe-se semear e colher flores e suas asas ardem por não nascer...
As asas sangram para conseguir espaço e criar força, respirar. E na dor as flores murcham e perdem o sentido por não ser regadas...outros caminhos, novos canteiros, outras escolhas dentro da escolha imposta.
Recomeçar ou deixar a vida correr seu fluxo de imposições dentro do pequeno espaço imposto dentro do buraco escuro das permissões possíveis. Dizer que permitir pode ser simples parece vago diante da ruptura do seu medo.  Foi transferido? Não.
Foi permitido carregar uma flor branca nas mãos enquanto suas asas sangram para ganhar as alturas...
Não tão simples...
Mas com vontade.