sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Coração úmido



Úmido frio que ultrapassa a pele e chega aos ossos do coração.

Frio que tira o prazer das coisas,
que esfrega e não faz fogo,
 que mastiga e não sente gosto nem tato.

Úmido frio do Janeiro esperado e não sentido.
Incerto amanha do Janeiro escondido.

Corre sangue no dia que não pulsa.
Sangue sem cor, sem gloria...
Apenas sangue que dói.

Sangue de quem imaginou e não deu cor nas entrelinhas da vida.

Corre sangue na alma desnutrida da imaginação
cheiro de lodo, por ser chuva caída.

Por não ter despido das coisas velhas e lavado o ego
na chuva que passou...

Corre sangue nas vontades perdidas
durante  a chuva toda.
Ainda corre  ... quente ou frio?

Juscélia Sousa

M e d o

Trancafiado medo no cofre lacrado de ordens.
Onde o branco é mais negro que a encruzilhada que nunca ultrapassei.

Olhos vermelhos da fúria desconhecida, porém sentida.
Ossos e cinzas das incertezas inventadas.

Nuvem de poeira no úmido pano branco das vontades.
Gafanhoto das liberdades tardias engarrafadas nos momentos de dor.

Nuvem de chuva que brinca ao tilintar do coração infantil, enquanto a broca negra
do amanhã cava longe a dor neutra do dia a dia.

Medo eterno, luz que brinca de pique esconde. 
Cores escuras, repetição do incerto, repudiando a brincadeira de roda da vida, 
que roda roda roda roda 
                                                                                                                roda roda roda roda roda roda roda ....................................................................................................................................................................
Juscélia Sousa

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Orvalho

Trêmula gota incerta no cair da manhã
Forma de horizonte que pernoita no ser intacto
Tradução genuína de nascer insensato
Nascer e morrer entre o Morrer da Estrela e o Nascer do Sol.

Orvalho virgem numa manhã impura
Onde as gotas purificam a sedenta poeira deixada para trás.

Poeira digna dos poros mortos,
película da loucura vivida dos que permitem
Viver incertezas.

Tormento límpido que abala ao tocar o impuro corpo podre.
Água transparente do orvalho negro
formado junto com a lágrima chorada
Na noite passada...