sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Trinta e três


Mulher água diluída em gotas, essências da vida.
Mulher fogo, trepidar e brasa. No verão de agora.
Mulher cinza dos tempos de outrora. Dos invernos de rigor e glórias.
Mulher fênix que surge nestes dias entre os três e os trinta, formando seus trinta e três manifestos em ser “Mulher”.
Contesto os efeitos
contexto dos anos
 danos da vida,
dona de mim...
Cultivo o gozo intenso do viver, pé na terra molhada e lambuzada de palavras escondidas e amassadas que reguei ontem.
Os dias que chegam como as paredes invisíveis e imaginárias, tiranos e belos.
Os contemplo nu... no vazio.
Quero tudo...
Quero dar chance aos meus ouvidos e minha sensibilidade neste imutável itinerário do seguir em frente.
Quero dizer a verdade sem atalhos.
Quero ser simples tentando ser bela aos meus olhos.
Quero ser interessante e singela, com direito a sorrisos e chinelas.
Quero degustar um bom vinho ao som de Jazz ou quem sabe aceitar aquele tango do convite que ainda não veio.
Quero café com leite quente, cama macia e colo.
E na essência dos três para não denunciar as madrugadas frias,
Quero colocar-me nua... observar, chamar, partir...
Tudo isso me compõe e me destrói.
Desprezo certas regras pacatas com confidências repetitivas.
Mas por querer buscar sempre o belo recomendo a mim mesma ter cautela.
Por isso, agora, eu adoro versos
Ladrilhos e desejos
Desarmada e  intacta
tantas notas musicais em mim agora... nestes bem vindos trinta e três anos.... 

Juscélia Sousa

Entre o olhar e o sorriso


Um olhar que observa o vento e o repouso dos muitos “ais” passados. Um coração imaginado costurado, remendado e reconstruído sente no vento um cheiro de sorriso novo.
O olhar de longe percebe no alvo claro a indizível ternura, matéria nobre do querer.
Então o coração dito cheio parece copo vazio à procura de água, água proibida, água que vem da boca de mel, inebriante, sagrada, partilhável.
Por sobreviver aos invernos de tantos danos, tantas dúvidas, denúncias e medos, a claridade honrada do sorriso fez o olhar palpitar em graça e força. E toda oferta duplicada e vulcânica do coração veio à tona querendo corpo livre, pois a alma já é toda contradição.
O olhar desprende. O sorriso flui. A paixão acontece, assim, sem hora marcada, sem previsão, num banho gradual, dual, e abundante dos sentidos postos à prova.
A surpresa do olhar é perceber que pode sim... aprender com o sorriso, ensinar com o olhar... desvendar as partes mais antigas da alegria dupla e densa mais uma vez sentindo-se “menino”.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Vilarejo

Imagino que o parabrisa inquieto durante a chuva severa na volta para casa possa indicar a tranquilidade e mostre que após a chuva chegue a merecida calmaria. Paletas do vai e vem constante e cada vez mais rápidos... A chuva que bate forte no vidro e no asfalto não trás a mesma alegria das primeiras chuvas de primavera, da chuva que bate na grama verde de Minas. Lá em Minas, no recanto bucólico onde a porteira avisa que é hora de preparar o novo café, devaneio de saudade no meio do trânsito caótico.
No ar gelado do dito conforto das quatro rodas, espero o trânsito fluir. O música de Marisa Monte incendeia minha alma e retira as tensões das luzes dos carros com medo da chuva à espera de passagem. Entre o sinal vermelho vendo o Amor passar lentamente, ele sempre passa no sinal vermelho, entre o laranja e o vermelho para ser mais precisa. É final do dia, cansaço, ruídos, sinalização com chuva, muita chuva, dúvidas, freio, casa, telefone, e só.
Aumento o volume e acompanho em voz doce a Marisa, "à um vilarejo ali onde areja um vento bom na varanda.... paraíso se mudou para lá.....
Os minutos passam, a chuva continua e percebo o desejo de ir ao Vilarejo de Marisa, então deixo a doce voz me levar......


Bem vindos ao meu Vilarejo de Sonhos