sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Entre o olhar e o sorriso


Um olhar que observa o vento e o repouso dos muitos “ais” passados. Um coração imaginado costurado, remendado e reconstruído sente no vento um cheiro de sorriso novo.
O olhar de longe percebe no alvo claro a indizível ternura, matéria nobre do querer.
Então o coração dito cheio parece copo vazio à procura de água, água proibida, água que vem da boca de mel, inebriante, sagrada, partilhável.
Por sobreviver aos invernos de tantos danos, tantas dúvidas, denúncias e medos, a claridade honrada do sorriso fez o olhar palpitar em graça e força. E toda oferta duplicada e vulcânica do coração veio à tona querendo corpo livre, pois a alma já é toda contradição.
O olhar desprende. O sorriso flui. A paixão acontece, assim, sem hora marcada, sem previsão, num banho gradual, dual, e abundante dos sentidos postos à prova.
A surpresa do olhar é perceber que pode sim... aprender com o sorriso, ensinar com o olhar... desvendar as partes mais antigas da alegria dupla e densa mais uma vez sentindo-se “menino”.

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O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.
Fernando Pessoa

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