sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Tormento


Tormento da perda
Tormento por antecipar a perda
Histórias contrárias
Dia a dia de fracassos e dores
Dia a dia de recomeço
Morte e vida nos pequenos detalhes
Tristes e mórbidos detalhes...
Entre os incontáveis, exuberantes e incontestáveis detalhes.
Aniquilados, maltratados, soberbos e indiferentes.
Mesmo espaço que míngua extrapolando corpos
Comparações, vibrações, dias de luta
Intensa luta
Faxina, vistoria, segurança
Exames, consultas, internações
Mesmos desejos
Métodos diferentes
Ainda esperança
Nos detalhes...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Espera


Seringa, adaptador, dor...
Sorte, espera, cirurgia...
Novo dia, café, carinho...
Medidor, pílulas da dor...
Cabelo, afago, esperança
Visita, máscara, relatos
Pessoas, soro, sangue...
Lençóis limpos, frio nos ossos, espera...
Saudade, casa, ninho...
Tumulto, álcool, cadeira
Rodas, rodinhas, copo plástico, espera...
Telefone, notícias, insulina, esperança
Esparadrapo, água, caneta, lembrança
Identidade, acompanhante, cautela, espera...
Lixo, troca, gel
Descartável, confiável, prescreve a espera...
Uso controlado, limpeza, relógio, olhares...
Colo, intenção, colaboração
Tanta dor
Outro dia, mais esperança
Mais espera...

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Enfermaria (outro olhar)


Momento humano
Sabedoria de Deus
Sobre as necessidades de cada um
Não acredito que as coisas aconteçam
Sem um propósito.
Desde partilhar um prato de comida
E oferecer banquetes.
As respostas e as ocasiões levam
Sentir o exagero de vida desperdiçada e
O desespero por vida.
Vidas encostadas na cama
Vida quebrada no canto.
Vida que sofre em vida
Vida agonizante de tempo
Vida esperança em ar morto
Infecundo e contagioso, porém
Vida em abundancia.
Muita vida que “unha” espaço para viver...

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Espera



No calor da hora castigada e involúvel
Torna o físico dependente do toque
No ensejo de saciar os murmúrios do coração
Minutos desesperados nos gomos da noite.
Languidez  à espera de céu.
Na química cercada e sentida
Sobreviventes do desejo mútuo
Não faz parar os arroubos febris.
Oferta farta no sorriso estampado
Como rocha em brasa recebendo brisa.
Vento terno que canta na pele seus detalhes.
Os enigmas presentes para a junção do ser.
Fogo, terra, ar , água e boca
Única, sentidos que permanecem
Toques a passear pele afora...
Energia duradoura e conquistada na contemplação e espera.
No encanto feito, no momento certo, revela em presença
O sorriso em ser “nós”. Indelével.



Juscélia Sousa

Enfermaria


Solidariedade
Compreensão
Meio à dor e sofrimento
Mundo de vidas  desalinhadas
Mundo de esperanças
Não existe trama
Não existe culpa
Existe Fé
Olhares de ontem
Olhares do bem
Consternação
Espera de sorriso
Que Alivia
Dias sem sol
Espaço limitado
Dividido
Tudo partilhado
Ar que respira
Denso
Forte
Sensação de mundo pequeno
Partilhar...
Qual o seu nome?
O que precisa?
Estou aqui...
Estamos aqui...
Aperto no peito
O que fazer?
Muito pouco
Um afago
Um cuidado
Um pequeno sorriso
Nada que torne herói
Mas que transformam
Corações de ferro
Em sangue vermelho
Que sangra...