quinta-feira, 17 de março de 2011

Olhar

Observo os olhares perdidos nas praças.
Já não esperam nada. E se esperam, esperam tropeçar no caminho não imaginado
Esperam o que não sonharam. Esperam a paixão que não aconteceu.
Os olhares, em seus ecos perdidos carregam dores dos dias passados.
Os olhares não tem foco
Já não tem direção
Os olhares perdidos da praça
já não temem o tempo
Já não temem a hora
Já não vangloriam das vitórias
e nem descrevem as derrotas.
Os olhares perdidos esperam apenas encontrar uma lua que iluminem seu "sol".

Quem?

Sinto frio, na espinha, no estômago.
Calafrio dessa (in)dependência diante da qual me descubro
tão honestamente despreparada.
Não me acho entre os livros nem nos meus avessos.
Não tenho respostas em divã de analista.
Sou vulnerável, recalcada e materna.
Sou firme, despudoradamente sem vergonha e egoísta quando quero....
Quero muito ainda ser tudo isso....
Mas quem cuidará de tudo isso? Eu?

Em tempo...

Pimenta ... vermelha, rosa, pura.
Olhos de primavera
Língua na boca alheia
Verso mastigado
retorna, remete a mim mesma
ecoa no eu, há perdas
Tem ganhos
Rimas que chegam
Pedra que voa
Olhos além do muro
criou asas
Não tem volta
Voa borboleta
e volte quando sentir saudade...

Juscélia Sousa