sábado, 9 de outubro de 2010

Aniversário

Esta foto foi tirada a mais de um ano atrás, que saudade bateu agora em meu coração. O aperto foi intenso e cruel, crueldade que me leva a superar barreiras impostas por mim em virtude de acalmar situações negativas.   
E ao olhar a foto novamente e ver o que perco em não sorrir junto de ti e partilhar também as minhas dores diárias, eu choro de saudade, de sentir fraca e infantil. É fato... eu amo você. Você sabe disso. És o presente mais precioso que os irmãos podem ter... doação uns aos outros.Tenho e quero a sorte de podermos compartilhar por muitos e muitos anos sorrisos de alegria, de comemorações e brincadeiras. Somos sangue do mesmo sangue, somos unidos pelo amor de nossos Pais e somos ternos por sermos únicos no Amor de uma MÃE que foi terna, plena e amor...
Parabéns meu irmão. QUE DEUS NOS ABENÇOE E NOS PERMANEÇA UNIDOS COMO ONTEM. 

AMO VOCÊ... FELICIDADES!!!




sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Pintura


Onde se diz espiga
leia-se narciso.
Ou leia-se jacinto.
Ou leia-se outra flor.
Que pode ser a mesma.

As flores
são formas
de que a pintura se serve
para disfarçar
a natureza. Por isso
é que
no perfil
duma flor
está também pintado
o seu perfume. 
Albano Martins

Podia com teus olhos...



Podia com teus olhos 
escrever a palavra mar. 
Podia com teus olhos 
escrever a palavra amar 
não fossem amor já teus olhos. 

Podia em teus olhos navegar 
conjugar os verbos dar e receber. 
Podia com teus olhos 
escrever o verbo semear 
e ser tua pele 
a terra de nascer poema. 

Podia com teus olhos escrever 
a palavra além ou aqui 
ou a palavra luar, 
recolher-me em teus olhos de lua 
só teus olhos amar. 

Podia em teus olhos perder-me 
não fossem, amor, teus olhos, 
o tempo de achar-me. 

Carlos Melo Santos

Até amanhã




Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Deus é Pai

Quando o sol ainda não havia cessado seu brilho,
Quando a tarde engolia aos poucos
As cores do dia e despejava sobre a terra
Os primeiros retalhos de sombra
Eu vi que Deus veio assentar-se 
Perto do fogão de lenha da minha casa
Chegou sem alarde, retirou o chapéu da cabeça
E buscou um copo de água no pote de barro
Que ficava num lugar de sombra constante.
Ele tinha feições de homem feliz, realizado
Parecia imerso na alegria que é própria
De quem cumpriu a sina do dia e que agora
Recolhe a alegria cotidiana que lhe cabe.
Eu o olhava e pensava: 
Como é bom ter Deus dentro de casa!
Como é bom chegar a essa hora da vida
Em que tenho direito de ter um Deus só pra mim.
Cair nos seus braços, bagunçar-lhe os cabelos,
Puxar a caneta do seu bolso 
E pedir que ele desenhasse um relógio
Bem bonito no meu braço
Mas aquele homem não era Deus,
Aquele homem era meu pai
E foi assim que eu descobri 
Que meu pai com o seu jeito finito de ser Deus
Revela-me Deus com seu
Jeito infinito de ser homem.


TE amo meu Pai....

Fábio de Mello

Saudade de você minha Mãe...



Te amo além da vida. Minha flor primeira....

Não me peçam razões...

Não me peçam razões, que não as tenho, 
Ou darei quantas queiram: bem sabemos 
Que razões são palavras, todas nascem 
Da mansa hipocrisia que aprendemos. 

Não me peçam razões por que se entenda 
A força de maré que me enche o peito, 
Este estar mal no mundo e nesta lei: 
Não fiz a lei e o mundo não aceito. 

Não me peçam razões, ou que as desculpe, 
Deste modo de amar e destruir: 
Quando a noite é de mais é que amanhece 
A cor de primavera que há-de vir. 

José Saramago

Antes o vôo da Ave

Antes o vôo da ave, que passa e não deixa rasto, 
Que a passagem do animal, que fica lembrada no chão. 
A ave passa e esquece, e assim deve ser. 
O animal, onde já não está e por isso de nada serve, 
Mostra que já esteve, o que não serve para nada. 
A recordação é uma traição à Natureza, 
Porque a Natureza de ontem não é Natureza. 
O que foi não é nada, e lembrar é não ver. 
Passa, ave, passa, e ensina-me a passar! 

Alberto Caeiro

domingo, 3 de outubro de 2010

Padre Fabio de Melo (NOVA) ILUMINAR - Legendado

...

Aqui está minha vida — esta areia tão clara 
com desenhos de andar dedicados ao vento. 

Aqui está minha voz — esta concha vazia, 
sombra de som curtindo o seu próprio lamento. 

Aqui está minha dor — este coral quebrado, 
sobrevivendo ao seu patético momento. 

Aqui está minha herança — este mar solitário, 
que de um lado era amor e, do outro, esquecimento. 

Cecília Meireles