segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Que farei no outono quando tudo arde


Que farei no outono quando ardem 
as aves e as folhas e se chove 
é sobre o corpo descoberto que arde 
a água do outono 

Que faremos do corpo e da vontade 
de o submeter ao fogo do outono 
quando o corpo se queima e quando o sono 
sob o rumor da chuva se desfaz 

Tudo desaparece sob o fogo 
tudo se queima tudo prende a sua 
secura ao fogo e cada corpo vai-se 

prendendo ao fogo raso 
pois só pode 
arder imerso quando tudo arde.

Gastão Cruz

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O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.
Fernando Pessoa

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