domingo, 12 de setembro de 2010

olhos


Olhos: 
brilhantes da chuva que caiu 
quando Deus me mandou beber. 

Olhos: 
ouro, que a noite me contou nas mãos, 
quando colhi urtigas 
e fiz arrepender as sombras dos Provérbios. 

Olhos: 
noite, que sobre mim resplandeceu, quando escancarei o portão 
e atravessado pelo gelo invernoso das minhas fontes 
saltei pelos lugares da eternidade. 

Paul Celan, in "Papoila e Memória" 
Tradução de João Barrento e Y. K. Centeno

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.
Fernando Pessoa

Obrigada pela visita...