quinta-feira, 13 de maio de 2010


Hoje não vou escrever... vou usar as palavras de um colega. Ele me enviou este texto, que falou em mim, falou exatamente o que estava em meu coração. Um pedacinho de mim.

SEGUE O TEXTO.


REMINISCÊNCIA DE UM PASSADO
"Esse fato está relacionado com meu histórico de vida, pois traz, na sua essência, um personagem que conduz ao perfil da mulher ateniense, aquela que, definitivamente, como dizia a canção, não chora quando fustigada.

Mulher de arrojo, produto de uma geração que o bom senso se recusa a admitir que ainda exista, admiradora eterna de seu homem, e figura emblemática para alguns de seus rebentos menos para um.

Quem é essa mulher, que, na solidão, mantém em silêncio, os tormentos de sua vida, os açoites de um passado que lhe subtraíram os prazeres típicos de sua mocidade, a certeza do sacrifício em favor de um ideal que elegera como prioridade em toda sua vida.

Quem é você, que não se envaidece como uma mulher, que não se permite ser bela, você que sofre sem reconhecer a necessidade de ajuda, ou mesmo reconhecendo, rejeita-a. Você que não se vê impotente diante das suas desilusões e cansaços, você que acredita na força que vem do alto sempre que clamas ainda que desiludidamente, quem é você, de onde vem essa força que estranhamente ofusca o que em tese poderia representar sua fragilidade feminina?

Em minha juventude, lembro-me dos seus arroubos, mas também de seus sorrisos, de sua luta que, já naquela ocasião, revelava-se profética aos dias atuais. A coragem desmedida, o marejamento de seus olhos ao perceber que ia embora por um preço tão vil, sua guarida que protegia seu maior tesouro, e que, por forças das circunstancias ou talvez da estupidez humana, fora-lhe arrancada de modo tão brutal. Quem é você mulher, que não se curva diante da luta incessante e cruel, mas faz desta sua combustão de voracidade para a vida. Tal qual uma coruja de Minerva que sobrevoa em meio a uma claridade frouxa, minimiza em silêncio através de orações constantes a dor dos que verdadeiramente amas.

Se é verdade o aforismo de que contra a força não há argumentos, seu maior legado às pessoas que a conheceram, será, indiscutivelmente, o exemplo de força, a coragem de uma mulher que, por amor, foi levada das terras áridas de seu Estado. Mas que, em meio à cultura alienígena de outro, pôde viver todos os dramas de um personagem que teve, como constante aliada, a dor, a dor tantas vezes camuflada, mas perceptível aos olhos dos que verdadeiramente a amam.

Quem é você, doce criatura, que fez de mim alguém tão dependente da sua presença e do seu amor? O desatino constante e cruel na minha vida quando algo não lhe vai bem, a alegria transmudada na paz que consigo perceber em você nos momentos fragmentadamente vividos ao seu lado.
As incertezas de sua vida, associadas ao seu comportamento de difícil interpretação social, não me impedem de imortalizá-la no conceito de que, para mim, você é, de fato, a eterna musa, com quem, não raras vezes, vejo-me inserido em um cenário cinematográfico dançando uma eterna e suave dança vienense, aquela que me faz projetar em todos os momentos felizes ou não vividos ao seu lado. "


Flávio Furtuoso

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O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.
Fernando Pessoa

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